Depois de três anos, com o livro praticamente terminado, só permanecia um problema: como começar. Como abrir o primeiro parágrafo.
Pensei no conselho da Rainha de Copas para Alice: "Comece do começo e vá até o fim. Aí, pare."
Pelo menos para mim não foi tão simples. Fiquei viciado em aberturas. Ia até a livraria e lia dezenas, uma atrás da outra...
Há vários tipos, claro. Os que acreditam muito na força da história começam de mansinho. Os exaltados tentam algo extravagante, que chame a atenção. Há quem comece no meio da ação, para que o leitor não consiga nem piscar...
Há frases curtas. A mais clássica: "No começo, era o verbo". Imbatível.
Minha preferida é a do Gabriel, em Cem Anos de Solidão. Acho que sei de memória: "Diante do pelotão de fuzilamento, o coronel Aureliano Buendía lembrou da tarde em que seu pai o levou para conhecer o gelo." Covardia...
Optei, exausto, por algo curto e poético: "Um dia, não tinha mais vento."
Adoro a do Estrangeiro: "Hoje, mamãe morreu. Ou talvez tenha sido ontem, não sei". (Trad RL)A de "Em busca do tempo perdido": "Por muito tempo, fui me deitar cedo" (trad RL). Longa vida a seu livro e ao blog! =)
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